quinta-feira, 11 de setembro de 2008

A Dama Pé-de-cabra e o Nominalismo

Ao discutir temas referentes à Dama Pé-de-cabra, nos deparamos com a questão dos nomes dos seres e o poder que eles podem imprimir ou carregar. Falamos dos nomes dos feiticeiros, dos nomes iniciáticos, do tetragramaton e dos aparentemente ingênuos significados dos nomes das gentes, no cotidiano, como uma forma já pouco evidente dessa tradição mística do nominalismo.

O Jun lembrou de um poema do T.S. Eliot que joga com os "nomes" dos gatos, animal, aliás, não corriqueiramente associado às bruxas e à reencarnação. O Jun me enviou há vários dias o poema, e agora finalmente posto para toda a gente ter à disposição:


The Naming Of Cats by T. S. Eliot

The Naming of Cats is a difficult matter,
It isn't just one of your holiday games;
You may think at first I'm as mad as a hatter
When I tell you, a cat must have THREE DIFFERENT NAMES.
First of all, there's the name that the family use daily,
Such as Peter, Augustus, Alonzo or James,
Such as Victor or Jonathan, George or Bill Bailey--
All of them sensible everyday names.
There are fancier names if you think they sound sweeter,
Some for the gentlemen, some for the dames:
Such as Plato, Admetus, Electra, Demeter--
But all of them sensible everyday names.
But I tell you, a cat needs a name that's particular,
A name that's peculiar, and more dignified,
Else how can he keep up his tail perpendicular,
Or spread out his whiskers, or cherish his pride?
Of names of this kind, I can give you a quorum,
Such as Munkustrap, Quaxo, or Coricopat,
Such as Bombalurina, or else Jellylorum-
Names that never belong to more than one cat.
But above and beyond there's still one name left over,
And that is the name that you never will guess;
The name that no human research can discover--
But THE CAT HIMSELF KNOWS, and will never confess.
When you notice a cat in profound meditation,
The reason, I tell you, is always the same:
His mind is engaged in a rapt contemplation
Of the thought, of the thought, of the thought of his name:
His ineffable effable
Effanineffable
Deep and inscrutable singular Name.


Dar nome aos gatos - T. S. Eliot (trad. Ivo Barroso)
O nome dos gatos é um assunto matreiro.
E não passatempo para entreter parentes:
Podem me achar doido igual a um chapeleiro.
Mas um Gato tem TRÊS NOMES DIFERENTES.
O primeiro é o nome que a família mais usa.
Como Pedro, Augusto, Estêvão, Oliveiros.
Como Vítor, Jorge, ou Jonas ou Fiúza...
Mas nomes nomes que são no entanto corriqueiros.
Outros há pomposos, que parecem mais chiques
Sejam para as damas ou para os cavalheiros:
Como Electra, Egeu, Inês, Afonso Henriques...
Mas nomes que são no fundo corriqueiros.
Ora afirmo: um gato apenas se completa
Com um nome que seja peculiar e distinto;
Como iria então manter a cauda ereta,
Erguer os bigodes e acalentar o instinto?
Dos nomes da espécie, a lista é pequenina:
Como Munkustrap, Quaxó, Coricopato,
E Ágata talvez, talvez Bombalurina...
Nome que se aplica apenas a um só gato.
Mas acima e além, um nome se exorciza,
Esse que jamais nos viria à cabeça,
Procurando em vão pela humana pesquisa...
Só O GATO SABE, mas a ninguém confessa.
Se vires um gato em profundo mutismo,
Saibas a razão que o tempo lhe consome:
Sua mente paira a divagar no abismo
E ele pensa, e pensa, e pena no seu nome:
No inefável afável
Inefanifável
Fundo e inescrutável sentido de seu Nome.


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É isso. Obrigado, Jun, pela sugestão de leitura.
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1o. Trabalho de LitPort I

Meus caros alunos,
aqui vai a proposição para o 1o. trabalho de LitPort I, entregue hoje em sala de aula:

Discuta a relação entre mundo concreto e mundo simbólico no que diz respeito à complexidade da questão afetiva nos cancioneiros medievais portugueses. Desenvolva seus comentários com base em uma Cantiga d’Amigo de sua escolha, sinalizando, sempre que possível, suas similitudes ou contrastes frente às Cantigas d’Amor.

Lembrem-se:
1. O trabalho deve ser entregue com no mínimo 2 e no máximo 3 laudas padrão. Quem diz lauda não diz folha, ou seja, diz texto, e não página. Portanto, não façam 2 folhas com uma lauda e meia de texto, sim?
2. Evitem o "preciosismo" da capa. Basta um cabeçalho com seus dados principais.
3. Citem a partir dos poemas da nossa apostila. Indiquem as fontes, quando for o caso.
4. Façam o trabalho apegados ao texto escolhido.
5. Entreguem impreterivelmente até terça dia 16/set.

É isso. Boa escrita.
S.

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Duas cantigas de Martin Codax

Aqui vão duas cantigas de Martin Codax interpretadas com base nas notações musicais deste pergaminho, conhecido como Pergaminho Vindel:




A primeira é uma apresentação ao vivo do Grupo de Musica Antigua de Compostela (Espanha), interpretando da maneira tradicional e com instrumentos de época a cantiga "Mandad’ey comigo" (V 885, BN 1.279)*



Mandad’ey comigo
ca ven meu amigo:
e irey, madr’,a Vigo!

Comigu’ey mandado
ca ven meu amado:
e irey, madr’,a Vigo!

Ca ven meu amigo,
e ven san’ e vivo:
e irey, madr’,a Vigo!

Ca ven meu amado
e ven viv’e sano:
e irey, madr’,a Vigo!

Ca ven san’ e vivo
e d’el-rey amigo:
e irey, madr’,a Vigo!

Ca ven viv’e sano
e d’el-rey privado:
e irey, madr’, a Vigo!




Esta outra é do Grupo Anima (Brasil), que faz uma recriação de "Quantas sabedes amar amigo" (V 888, BN 1.282),* utilizando-se de um arranjo e instrumentação livres, incluindo caxixi, rabecas brasileiras, bendir árabe, viola caipira, flauta doce européia e vozes. Vejam o que acham da versão.

Quantas Sabedes Amar - Anima



Quantas sabedes amar amigo
treydes comig’ a lo mar de Vigo:
e banhar-nos-emos nas ondas!

Quantas sabedes amar amado
treydes comig’ a lo mar levado:
e banhar-nos-emos nas ondas!

Treydes comig’ a lo mar de Vigo
e veeremo-’ lo meu amigo:
e banhar-nos-emos nas ondas!

Treydes comig’ a lo mar levado
e veeremo’ lo meu amado:
e banhar-nos-emos nas ondas!


* estes números referem à cantiga no Cancioneiro da Vaticana e no Cancioneiro da Biblioteca Nacional de Lisboa, respectivaente.

Brasão Português

Esta é uma reprodução da folha de rosto de uma das edições do Cancioneiro Geral de Garcia de Resende. A primeira edição é de 1545. À direita vê-se o brasão português, com todos os elementos referidos na Mensagem, de Fernando Pessoa.


Origens da Nacionalidade Portuguesa

Etapas Históricas referentes à Península Ibérica:

Desde o séc. XII AC
Vestígios de habitantes e viajantes como os fenícios, gregos, cartagineses, celtas
Grande miscigenação


Antes do séc. III AC
Referências romanas à Lusitânia e aos lusitanos


A partir do séc. III AC
Início da Romanização na Península Ibérica
Base latina do Português
Séc. II AC – apogeu de Roma: conquista da Grécia
A partir do séc. I – começo da decadência [emergência do Cristianismo]


300/400 DC
Invasões dos povos bárbaros (suevos e visigodos)
Aquisições vocabulares
Fragmentação da Penínsual em vários reinos (foedus)
Cristianização dos reis bárbaros: “monarquia visigótica”


A partir de 711 DC
Invasão dos Mouros (a partir do norte da África, acesso ao estreito de Gibraltar)
Aquisições vocabulares
Início da “Reconquista” (movimento dos cristãos pela retomada das terras conquistadas pelos mouros, iniciado nas montanhas asturianas, norte da Península) - 08 séculos de lutas entre cristãos e mouros (sob inúmeras lideranças)
Surgimento de vários reinos cristãos: Leão, Navarra, Aragão, Castela...
Último califado árabe na Península cai em 1492


Durante a “Reconquista”:
Em fins do século XI, o reino de Leão e Galiza era governado por D. Afonso VI, também rei de Castela, que, graças à conquista de terras aos mouros, funda o Condado Portucalense, às margens do rio Douro (o nome resulta da povoação Portus-Cale, grande porto comercial desde o tempo dos romanos).

Na luta contra os mouros, D. Afonso VI conta com a ajuda de dois bravos cristãos franceses: D. Raimundo de Borgonha e D. Henrique de Borgonha. Como recompensa, deu uma filha a cada um e a posse de terras. A D. Raimundo coube a filha legítima D. Urraca e as terras da Galiza. A D. Henrique coube o Condado Portucalense e a filha bastarda D. Tareja. Este casal passa a residir no castelo de Guimarães, onde nasce seu filho D. Afonso Henriques (em 1108 ou 1109).

D. Henrique de Borgonha morre em 1112 ou 1114. O jovem D. Afonso Henriques, descontente com o governo de D. Tareja, luta por tornar o Condado Portucalense independente de Castela, enfrentando a própria mãe (e os aliados castelhanos) na Batalha de S. Mamede (1128), da qual sai vitorioso. Torna-se então o 1° Rei de Portugal (embora só passe a usar o título a partir de 1139).

O jovem Rei dá continuidade ao combate aos mouros e amplia o território de Portugal. Em 1139 dá-se a Batalha de Ourique, entre portugueses e mouros, da qual, miraculosamente, Portugal sai vitorioso, ratificando sua independência (“Milagre de Ourique”, presente no brasão português)

A independência portuguesa só foi reconhecida em 1143, por Castela (reinando Afonso VII) e pelo Papa Inocêncio II (a quem D. Afonso Henriques presta vassalagem).

Com a morte de D. Afonso Henriques, sucedem-se no trono seus descendentes, que ampliam o território nacional até a conquista definitiva do Algarve, em 1249 (reinado de D. Afonso III).
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sábado, 9 de agosto de 2008

VI Seminário NEPA - UFF

Com este VI Seminário, o Núcleo de Estudos de Literatura Portuguesa e Africana – NEPA – UFF busca provocar reflexões críticas que suscitem pontes entre os núcleos temáticos Memória, Paisagem e Escrita, de modo a aproximar as pesquisas em Literatura Portuguesa e Literaturas Africanas de Língua Portuguesa voltadas para os processos da memória coletiva e individual, para as configurações / desfigurações da paisagem e para a constituição do texto, especialmente no panorama da literatura contemporânea, com a consolidação de um espaço acadêmico atento às novas abordagens do literário e ao diálogo contínuo entre pesquisadores, professores e alunos.




No dia 21 de agosto, quinta-feira, eu vou estar no NEPA, participando de uma mesa com outros poetas. Será às 19h

POETAS EM DIÁLOGO
Coordenador: Dr. Luis Maffei (UFF)
Poetas: Franklin Dassie, Leonardo Gandolfi, Mauricio Matos, Sebastião Edson Macedo, Sérgio Nazar, e Virgínia Boechat
Auditório Macunaíma - Bloco B
Campus do Gragoatá, Niterói.

Ficarei feliz em encontrar vocês por lá.
E aqui está a programação completa.
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quinta-feira, 7 de agosto de 2008

O estatuto do herói – Litport II

Algumas palavras a mais sobre nossa discussão de hoje, em torno do estatuto do herói, e seu lugar entre a épica e o romance burguês.


Primeiro, vou insistir na diferença não só formal quanto epocal da épica e do romance.

Uma é tradicionalmente um “canto” em verso, mas um canto narrativo. O outro é uma construção prosaica e está livre de certa “cantoria”, ou seja, de certa ordenação musical e, portanto, métrica, e portanto, formal. Assim, o romance é mais flexível e frouxo formalmente, podendo admitir mesmo uma heterogeneidade formal, enquanto a épica é mais regular, mais uniforme. Pensemos na Divina Comédia do Dante: 3 grandes partes (Inferno, Purgatório e Paraíso) no esquema de terza rima, enquanto a Viagens na minha terra, do Garrett é uma prosa irregular, que admite pequenas tramas, macro-narrativas, descrições, dissertações sobre temas vários, epístolas, pequeninos “causos”, memorialismos, versos, dentre outras formas textuais.

Mas a diferença epocal, no decurso do tempo, é incontornável. A épica é conhecida por ser o “gênero” que primeiro se manifesta no legado cultural de um povo, e há muitos estudos que mostram o quanto os demais “gêneros” são desenvolvimentos ou derivações da épica em contato com outros modos de vida e de sensibilidade daquele povo. Não temos notícia de que os textos mais remotos de uma civilização antiga seja em forma de teatro, ou de romance, por exemplo. Salvo futuras descobertas arqueológicas, é o canto heróico de um povo o que primeiro desponta numa cultura. O romance, nesses termos, tem uma raiz na épica, sim, mas totalmente contaminado por uma série de modificações sociológicas, políticas, espirituais, que afetam a perspectiva de mundo coletiva e a relação individual dos homens com suas inquietações filosóficas antigas, até mesmo míticas.

Podemos dizer, portanto, que o romance é, em alguma medida, uma atualização do “modelo” épico aos padrões das sociedades modernas, marcadas pela “descentralização” do herói épico, que deixa de representar um povo inteiro e passa a representar apenas o centro de uma “pequena trama” (a da sua vida ou da vida daqueles que o envolvem) no meio de milhares de tramas outras, possíveis e diferentes e desconhecidas, dentro de toda uma coletividade cultural que já não é uniforme, mas heterogênea, e nem pode ser assimilada, pois, através de um único “tipo humano”. Assim, cada indivíduo é, nas sociedades burguesas modernas, o centro e o herói de uma história que é a sua vida particular, privada e pública ao mesmo tempo, mas nunca coletiva.

É claro que, ao dar visibilidade individual e centralidade narrativa a um personagem singular, o romance faz dele um herói que, ao contrário da épica, não é necessariamente “heróico” no sentido tradicional, ou seja, ele não é sempre exemplar no sentido positivo do termo. Ele pode ser exemplar no sentido negativo, como se o romance nos desse não um modelo, mas um desvio do modelo. Rigorosamente, todos os individuos se desviam mais ou menos dos modelos sociais.

Podemos dizer que, enquanto na épica os personagens são construídos a partir de sua fixação no eixo modelar, valorizando o que eles têm de mais coletivo e geral, no romance os personagens são construídos a partir de sua deriva, de seu desvio para longe desse eixo modelar, para fora desse padrão coletivo, sendo neles valorizado o que eles têm de mais específico e atípico e diferencial em relação à maioria, ou à média dos homens de sua cultura.

Por isso, acho que é pertinente considerarmos que há sim uma intenção na construção dos personagens, e essa intenção se modifica no tempo, porque no tempo se modificam as sensibilidades e as perspectivas que se têm do homem e do mundo (lembro de Camões: mudam-se os tempos, mudam-se as vontades). Podemos dizer que na épica o alvo, a intenção, é atingir o centro, e no romance, a periferia.

Outro ponto que me parece importante é o do modelo. O centro como modelo é praticamente auto-evidente, auto-explicável. Mas quando damos visibilidade à periferia, tiramos um pouco da luz que se projeta no centro. De alguma forma, o romance, ao trabalhar com figuras, pontos de vista e caracteres que escapam dos padrões centrais, acaba abalando o próprio valor de “modelo” que se colocou no centro das atenções da tradição cultural, propondo sua fragmentação em diversos outros pequenos modelos não centrais, não totalitários, não unitários, não homogêneos, enfim: não épicos.

E aqui entra a Crítica como um fundamento do “gênero” romance: abalar a unidade e a autoridade do modelo é um exercício justamente de criticar esse modelo, essa centralidade uniforme onde, a rigor, numa sociedade moderna, nenhum indivíduo fica bem encaixado, pois todos têm particularidades insuspeitáveis que nem o céu e a terra desconfiam. E coube, felizmente, aos artistas desvendar e nos revelar essas particularidades que reforçam ou fragilizam a generalidade do modelo humano, e isso é feito, em arte, através da imaginação e do jogo com as verdades humanas que a sensibilidade dos autores acessa.

Bem, essa é uma excelente via de acesso ao entendimento dos romances e contos que vamos trabalhar adiante. Na medida em que as obras nos mostrarem seu jogo de construção do “mundo” e do “homem” oitocentista, poderemos ajustar e desviar nossas discussão para aspectos mais concretos de figuração de heróis, modelos, tramas etc. checando mesmo se estas noções, preliminares, fazem sentido ou se não, e onde é preciso criticá-las com base nas obras. De qualquer forma, a vivacidade deste debate já nos serve de horizonte para sentirmos como é problemático encaixarmos o homem dos contos e dos romances numa bitola estreita, domesticando-o num entendimento frio e calculista em que, afinal, ninguém, real ou ficcional, se encaixa.

Falta desenvolver aqui uma reflexão sobre a moral do herói (e do autor, e da obra que os encorpa) nisso tudo. A moral também é passível de se configurar como modelo, e nesse ponto ela é mais um componente na construção do homem e do mundo. Um componente forte, pois a moral pode servir de instrumento de regulação de vários outros componentes da alma e do discurso. Nessa medida, creio que seja interessante pensar a moral como o próprio “operador” das transformações do perfil do herói ao longo do tempo, através dos gêneros.

E a História enquanto discurso? Bem, a História é uma das bases de reflexão para os romances do nosso curso. Julgo que, inicialmente, podemos aproveitar, por enquanto, o que é dito no final do verbete do Abbagnano que o Jun me enviou há pouco sobre o herói. O verbete, como um todo, nos serve de fonte e baliza para mais “pano pra manga” desse debate. Infelizmente, percebi que o verbete não se refere ao aspecto modelar que pode assumir o herói, nem ao registro pedagógico que, como bem lembrou o Bruno, está no bojo de toda arte, e especialmente no canto épico e nos romances. Considero essa uma falta importante no texto, mas só é importante mesmo porque estamos discutindo literatura em sala, e há pontos muito mais sutis do que um verbete de filosofia talvez se proponha a dar conta amplamente.

Reproduzo, então, para fechar o post, o verbete que o Jun mandou:

HERÓI (lat. Heros; in. Hera, fr. Héros; ai. Heros-, it. Eroé). Segundo Platão, os H. são semideuses nascidos de um deus que se apaixonou por uma mulher mortal ou de um homem mortal que se apaixonou por uma deusa (Crat., 398c). Obviamente, com essa definição Platão relegava a noção de H. à esfera do mito, assim como pertence ao mito a "idade dos H." de que falavam Hesíodo e o próprio Platão (v. IDADE); com isso, expungia essa noção, pelo menos implicitamente, do campo da filosofia. Aristóteles admitia essa expunção, quando observava: "Se houvesse duas categorias de homens tais que a primeira diferisse da segunda tanto quanto se julgava que os deuses e os heróis diferiam dos homens, sobretudo pela valentia física e pelas qualidades da alma, então sem dúvida ficaria evidente a superioridade dos governantes sobre os governados, etc." (Poi, VII, 14, 1332b 17). Foi só com o Romantismo que se começou a acreditar na existência de indivíduos excepcionais, nos quais se encarna a Providência Histórica e que, portanto, estão destinados a cumprir tarefas predominantes. Hegel vê nos heróis, ou "indivíduos da história do mundo", os instrumentos das mais altas realizações da história. São videntes; sabem qual é a verdade do seu mundo e do seu tempo, qual é o conceito, o universal próximo a surgir; os outros reúnem-se em torno da bandeira deles, porque eles exprimem aquilo cuja hora é chegada. Aparentemente, tais indivíduos (Alexandre, César, Napoleão) nada mais fazem que seguir sua própria paixão, sua própria ambição; mas, segundo Hegel, trata-se de astúcia da Razão-, esta utiliza os indivíduos e suas paixões como meios para realizar seus próprios fins. O indivíduo, em certo ponto, perece ou é levado à ruína pelo sucesso: a Idéia Universal, que provocara esse sucesso, já alcançou seu fim (Phil. der Geschichte, ed. Lasson, p. 83). Nos heróis, age a mesma necessidade da história, e por isso resistir a eles é inútil. "Eles são levados irresistivelmente a cumprir sua obra" (Ibid., p. 77). Em conceito análogo inspirava-se T. Carlyle em sua obra Os heróis e o culto dos heróis e o heróico na história (1841): "A história universal, a história daquilo que o homem realizou neste mundo, substancialmente outra coisa não é senão a história dos grandes homens que aqui agiram. Foram estes grandes homens os líderes da humanidade, os inspiradores, os campeões, e, lato sensu, os artífices de tudo aquilo que a multidão coletiva dos homens cumpriu e conseguiu" (Heroes, liç. 1). Esse "culto dos Heróis", como Carlyle denominava, tem dois pressupostos: 1o. o caráter providencial da história, que, segundo se crê, destina-se a realizar um plano perfeito e infalível em cada uma de suas partes; 2o. o privilégio, concedido a alguns homens, de serem os principais instrumentos da realização desse plano. Estas duas crenças constituem as características da concepção romântica da história; subsistem e caducam com ela (v. HISTÓRIA)


ABBAGNANO, Niloca. Dicionário de Filosofia, São Paulo: Martins Fontes, 2002.

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Ver Saramago

Se puderes olhar, vê. Se podes ver, repara.

É com esta citação do Livro dos Conselhos d’El-Rei D. Duarte que José Saramago abre seu Ensaio sobre a Cegueira (1995). É um romance de grande impacto. Foi traduzido para vários idiomas, e tem tido inúmeras adaptações artísticas mundiais.




A trama é, de saída, desconcertante: de como uma população inteira se resolve, acometida de súbita e propagante cegueira coletiva. Uma peste. Arrisco ler este “ensaio” como uma reparação (no sentido do “atentar para” e no sentido do “retificar”) da inquietante potência do olhar e das imagens como reguladores singulares da vida humana, e não no óbvio plano estético-filosófico da visão, mas sobretudo (e é como Saramago nos acomete, com seu exímio exercício de imaginação) no plano das práticas mais banais do cotidiano.

Assim, a citação que enforma o livro fica, em sua brevidade, precisamente reveladora: não vemos o que podemos olhar porque naturalizamos o que nos cerca; e não nos damos ao trabalho de reparar naquilo que nos cerca porque banalizamos a nossa visão. Se ela nos fosse extirpada, daríamos conta do quanto ela nos defende dos perigos que nossos próprios automatismos em viver esquecidos do olhar desencadeia.

Aqui vai o site da Centro de Artes da UFF, para vermos mais detalhes sobre a peça, fotos, horários, enredeço etc.

Tem também o trailer do filme homônimo do Fernando Meirelles, que deve entrar no circuito essas semanas:



E para quem quiser ver algo sentimental, aqui tem um vídeo com o próprio José Saramago emocionado depois de ver esse filme. Vale pela sinceridade de suas lágrimas, e pelo ariosto de Johann Sebastian Bach, soando num oboé d’amore ao fundo.



É isso. Depois digam se viram, o que viram no que viram, e o que acharam.

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segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Genealogia dos "Reis que em Portugal foram"




Esta genealogia será muito útil para todos os cursos de Litport, de I a IV, pois a literatura portuguesa está intimamente relacionada à história política do país. Além disso, não é raro a atuação literária de reis e nobres, como é o caso de D. Dinis, exímio trovador, e D. Duarte, autor de textos de caráter prático e moral.

Reproduzo abaixo as capas de duas antologias:
as Cantigas de D. Dinis, e excertos do Leal Conselheiro, de D. Duarte.

Imagens de Lisboa

E aqui algumas belas fotografias da cidade de Lisboa, para encher os olhos e encharcar o imaginário.

Não há outro caminho - Rui Pires Cabral

para o Vítor

Os poemas podem ser desolados
como uma carta devolvida,
por abrir. E podem ser o contrário
disso. A sua verdadeira consequência
raramente nos é revelada. Quando,
a meio de uma tarde indistinta, ou então
à noite, depois dos trabalhos do dia,
a poesia acomete o pensamento, nós
ficamos de repente mais separados
das coisas, mais sozinhos com as nossas
obsessões. E não sabemos quem poderá
acolher-nos nessa estranha, intranquila
condição. Haverá quem nos diga, no fim
de tudo: eu conheço-te e senti a tua falta?
Não sabemos. Mas escrevemos, ainda
assim. Regressamos a essa solidão
com que esperamos merecer, imagine-se,
a companhia de outra solidão. Escrevemos,
regressamos. Não há outro caminho.


Rui Pires Cabral. In Longe da aldeia. 2005.

Teoria das Cores - Herberto Helder

Era uma vez um pintor que tinha um aquário com um peixe vermelho. Vivia o peixe tranquilamente acompanhado pela sua cor vermelha até que principiou a tornar-se negro a partir de dentro, um nó preto atrás de uma cor encarnada. O nó desenvolvia-se alastrando e tomando conta de todo o peixe. Por fora do aquário o pintor assistia surpreendido ao aparecimento do novo peixe.

O problema do artista era que, obrigado a interromper o quadro, onde estava a chegar o vermelho do peixe, não sabia que fazer da cor preta que ele agora lhe ensinava. Os elementos do problema constituíam-se na observação dos factos e punham-se por esta ordem: peixe, vermelho, pintor – sendo o vermelho o nexo entre o peixe e o quadro através do pintor. O preto formava a insídia do real e abria um abismo na primitiva fidelidade do pintor.

Ao meditar sobre as razões da mudança exactamente que assentava na sua fidelidade, o pintor supôs que o peixe, efectuando um número de mágica, mostrava que existia apenas uma lei abrangendo tanto o mundo das coisas, como o da imaginação. Era a lei da metamorfose.

Compreendida esta espécie de fidelidade, o artista pintou o peixe amarelo.

Herberto Helder, in Os passos em volta. Lisboa: Assírio & Alvim, 2001.

Sobre o romance

O que distingue o romance de todas as outras formas de prosa – contos de fada, lendas, (...) – é que ele nem procede da tradição oral nem a alimenta. O romancista segrega-se. A origem do romance é o indivíduo isolado, que não pode mais falar exemplarmente sobre suas preocupações mais importantes e que não recebe conselhos nem sabe dá-los.
Walter Benjamin. In Magia e técnica, arte e política. São Paulo: Brasiliense, 1994.


Ao considerarmos o romance e a épica, somos tentados a pensar que a diferença principal está na diferença entre verso e prosa, entre cantar algo e enunciar algo. Mas acho que há outra maior. A diferença está no fato de que o importante na épica é o herói – um homem que é modelo para todos os homens. Ao passo que a essência da maioria dos romances, como salientou Mencken, reside na aniquilação de um homem, na degeneração do caráter.
Jorge Luis Borges. In Esse ofício do verso. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.


A análise de um romance – o “literário” por excelência, a partir do século XIX – mostra que (...) o estilo romanesco consiste em um compromisso do romancista com dois usos idiomáticos peculiares: o cientifico (creio melhor qualificar de enunciativo o uso cientifico, lógico, se quiserem do idioma) e o poético.
Rigorosamente falando, não existe linguagem romanesca pura, posto que não existe romance puro. O romance é um monstro, um desses monstros que o homem aceita, alenta, mantém ao seu lado; mistura de heterogeneidades, grifo convertido em animal doméstico.
Julio Cortázar. In Obra crítica, v. 1. Rio de Janeiro: Civilização brasileira, 1998.


O romance é uma massa formidável e (...) amorfa, (...) uma das áreas mais úmidas da literatura – irrigada por uma centena de riachos, degenerando-se ocasionalmente num pântano. Não me admira que os poetas desprezem-no, embora algumas vezes encontrem-se nele por acidente.
Edward M. Forster. In Aspectos do romance. São Paulo: Globo, 1998.


O ponto de partida de todo romance é o presente da escrita, e o que transporta o texto narrativo são as pautas sensoriais, emocionais, intelectuais desse presente e nada mais, seja qual for a época passada, presente ou futura que a narrativa escolha para instalar sua ficção. De modo que um romance escrito hoje em dia e que transcorra na Idade Média é somente a projeção de um indivíduo atual numa fantasmagoria que ele confunde com a Idade Média, e à qual seria tão inoportuno aplicar o epíteto de ‘histórica’ como a um baile de máscaras.
Juan José Saer. In “História e romance, política e polícia”, Folha de São Paulo, 24/12/2000.


Um francês em cada dois, parece, não lê; metade da França está privada – se priva do prazer do texto. Ora, nunca se deplora essa desgraça nacional a não ser de um ponto de vista humanista, como se, recusando o livro, os franceses renunciassem somente a um bem moral, a um valor nobre. Seria preferível fazer a sombria, estúpida, trágica história de todos os prazeres aos quais as sociedades objetam ou renunciam: há um obscurantismo do prazer.
Mesmo se repusermos o prazer do texto no campo de sua teoria e não no de sua sociologia (o que arrasta aqui a uma discussão particular, aparentemente desprovida de qualquer alcance nacional ou social), é efetivamente uma alienação política que está em causa: a perempção do prazer (e mais ainda da fruição) em uma sociedade trabalhada por duas morais: uma majoritária, da vulgaridade, outra, grupuscular, do rigor (político e/ ou cientifico). Dir-se-ia que a idéia do prazer já não lisonjeia ninguém. Nossa sociedade parece ao mesmo tempo calma e violenta; de toda maneira: frígida.
Roland Barthes. In O prazer do texto. 4. ed. São Paulo: Perspectiva, 2004. (1ª edição francesa: 1973)

Sobre a poesia

Poesia é complicação, é doença da linguagem, é desvio da sua principal função, que será comunicar. Só o poeta fica na linguagem, os outros passam por ela, servem-se dela.
Ruy Belo. In Na senda da poesia. 1ª edição: 1969.


A poesia é a abertura nua que não se pode delimitar, a intimidade mais pura e mais selvagem de algo que não podemos traduzir ou determinar segundo os esquemas da compreensão racionalizante. Todavia, o poema não é um enigma. Ele é evidente na sua obscuridade ou na sua claridade ofuscante. O poema é uma manifestação da origem, ou, por outras palavras, da Vida absoluta, e por isso mesmo é um mistério real. O leitor, tal como o poeta, é um cego que não tem outra luz além daquela que o poema projecta sobre si.
António Ramos Rosa. In A Parede azul – estudos sobre poesia e artes plásticas. 1ª edição: 1991.


A poesia é das raras actividades humanas que, no tempo actual, tentam salvar uma certa espiritualidade. A poesia não é uma espécie de religião, mas não há poeta, crente ou descrente, que não escreva para a salvação da sua alma - quer a essa alma se chame amor, liberdade, dignidade ou beleza.
Sophia de Mello Breyner Andresen. Entrevista ao JL, 12/97.


Compreender a poesia é olhá-la sem a tentação de lhe perguntar nada. É aceitar o núcleo de silêncio donde todas as formas se destacam. A obra vale pela densidade de silêncio que impõe. Por isso os poetas que imaginam dizer tudo são tão vãos como as estátuas gesticulantes.
Eduardo Lourenço. In Tempo e poesia. 1ª edição: 1974.


Um francês em cada dois, parece, não lê; metade da França está privada – se priva do prazer do texto. Ora, nunca se deplora essa desgraça nacional a não ser de um ponto de vista humanista, como se, recusando o livro, os franceses renunciassem somente a um bem moral, a um valor nobre. Seria preferível fazer a sombria, estúpida, trágica história de todos os prazeres aos quais as sociedades objetam ou renunciam: há um obscurantismo do prazer.
Mesmo se repusermos o prazer do texto no campo de sua teoria e não no de sua sociologia (o que arrasta aqui a uma discussão particular, aparentemente desprovida de qualquer alcance nacional ou social), é efetivamente uma alienação política que está em causa: a perempção do prazer (e mais ainda da fruição) em uma sociedade trabalhada por duas morais: uma majoritária, da vulgaridade, outra, grupuscular, do rigor (político e/ ou cientifico). Dir-se-ia que a idéia do prazer já não lisonjeia ninguém. Nossa sociedade parece ao mesmo tempo calma e violenta; de toda maneira: frígida.
Roland Barthes. In O prazer do texto. 4. ed. São Paulo: Perspectiva, 2004. (1ª edição francesa: 1973)

Litport II - Bibliografia

Bibliografia crítica:

BAPTISTA, Abel Barros (org.), A Cidade e as Serras - Uma Revisão. Lisboa: Angelus Novus, 2002.
CLÁUDIO, Mário. Triunfo do Amor Português. Lisboa: Dom Quixote, 2004.
COELHO, Jacinto do Prado. "A tese de 'A Cidade e as Serras'", in A letra e o leitor, 2ª ed., Lisboa: Moraes Editores, 1977, pp. 169-174.
FRANÇA, José Augusto França. O Romantismo em Portugal. Lisboa: Horizonte, 1999.
LOURENÇO, Eduardo. “Situação de Camilo”, in O canto do signo. Lisboa: Presença, 1982.
MACEDO, Helder. “As Viagens na minha terra e a Menina dos Rouxinóis”, in Colóquio/Letras, Lisboa: FCG, n. 51, set. 1979.
MINÉ, Elza & CANIATO, Benilde Justo, orgs. 150 anos com Eça de Queirós, São Paulo: Centro de Estudos Portugueses: Área de Estudos Comparados de Literaturas de Língua Portuguesa/FFLCH/USP, 1997.
MONTEIRO, Ofélia Paiva. “Algumas reflexões sobre a novelística de Garrett”, Revista Colóquio/Letras. Ensaio, n. 30, mar. 1976.
MORNA, Fátima Freitas. "Em busca do romance absoluto. Acerca de O Primo Basílio de Eça de Queirós", Revista Hispania, n. 74, v. 3, September 1991, pp. 519-525.
PADILHA, Laura C. “O gozo na ficção de Amor de perdição de Camilo Castelo Branco”, in Revista de Cultura UFES, n. 33, pp. 21-44, Vitória, 1985.
QUESADO, Clécio. Garrett, Camilo e Eça entre Quixote e Sancho. Rio de Janeiro, 2000.
REIS, C. Estudos queirosianos: ensaios sobre Eça de Queirós e a sua obra. Lisboa: Presença, 1999.
REIS, Carlos. "A temática do adultério n'O Primo Basílio", in Construção da leitura. Ensaios de metodologia e de crítica literária. Coimbra: Instituto Nacional de Investigação Científica/Centro de Literatura Portuguesa da Universidade de Coimbra, 1982, pp. 117-129.
REMÉDIOS, M. Luiza Ritzel. “Viagem, Identidade e Nação em Almeida Garrett”, in Revista Scripta, Belo Horizonte, v. 3, pp.134-142, 2º sem/1999.
SENA, Jorge de. “Em louvor de Camilo” e “Para uma definição perodológica do Romantismo Português”, ambos in Estudos de Literatura Portuguesa I, Lisboa: Ed. 70, 1981.
SOUSA, Frank S. O segredo de Eça. Ideologia e ambiguidade em "A Cidade e as Serras", Lisboa: Cosmos, 1996.
WISNIK, José Miguel. “A paixão dionisíaca em Tristão e Isolda”, in CARDOSO, Sérgio et al. Os sentidos da paixão. São Paulo, Cia. das Letras, 1995.

Bibliografia geral:

SARAIVA, António José & LOPES, Óscar. História da Literatura Portuguesa. 2006.
SARAIVA, António José. Iniciação à Literatura Portuguesa. São Paulo: Cia das Letras, 1999
COELHO, Jacinto do Prado Coelho, org. Dicionário da Literatura
SÉRGIO, António. Breve Interpretação da História de Portugal.

Litport I - Bibliografia

Bibliografia complementar e crítica:

BARAHONA. Margarida. Poesias de Bocage. Lisboa: Comunicação, 1981
CORREIA, Natália, org. Cantares dos Trovadores Galego-Portugueses. Lisboa: Estampa, 1998
DAL FARRA, Maria Lúcia, org. Florbela Espanca. Rio de Janeiro: AGIR, 1995
GONCALVES, Elsa & RAMOS, Maria Ana, org. A lírica Galego-Portuguesa. Lisboa: Comunicação, 1981
GONÇALVES, Maria Madalena. Poesias de Antero de Quental. Lisboa: Comunicação, 1981
LEAL, Izabela & SANTOS, Gilda. Camilo Pessanha em dois tempos. Rio de Janeiro: 7Letras, 2007
LOPES, Silvina Rodrigues, org. Poesia de Sophia de Mello Breyner Andresen. Lisboa: Comunicação, 1990
LOPES, Tereza Coelho. Clepsidra de Camilo Pessanha. Lisboa: Comunicação, 1979
LOURENÇO, Jorge Fazenda. O brilho dos sinais: estudos sobre Jorge de Sena. Porto: Caixotim, 2002
MACEDO, Helder. Nós – Uma leitura de Cesário Verde. Lisboa: Plátano, 1975
MACHADO, Álvaro Manuel, org. Poesia Romântica Portuguesa - Antologia. Lisboa: INCM, 1982
MATOS, Maria Vitalina Leal de. A Lírica de Luís de Camões. Lisboa: Comunicação, 1981
MENDES, Margarida Vieira. Poesias de Cesário Verde. Lisboa: Comunicação, 1979
MONTEIRO, Adolfo Casais, org. Fernando Pessoa. Rio de Janeiro: AGIR, 1998
MORÃO, Paula. Flores sem fruto e Folhas Caídas de Almeida Garrett. Lisboa: Comunicação, 1988
MORNA, Fátima de Freitas. A Poesia de Orpheu. Lisboa: Comunicação, 1982
PAIS, Amélia Pinto. Para compreender Fernando Pessoa. Porto: Areal, 1996
PESSOA, Fernando. O Eu Profundo e os Outros Eus. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997
PIRES, Maria Lucília Gonçalves. Poetas do Período Barroco. Lisboa: Comunicação, 1985
QUESADO, José Clécio. O constelado Fernando Pessoa. Rio de Janeiro: Imago, 1976
RECKERT, Stephen & MACEDO, Helder. Do Cancioneiro de Amigo. Lisboa: Assírio e Alvim, 1976
RIBEIRO, Cristina Almeida. Cancioneiro Geral de Garcia de Resende. Lisboa: Comunicação, 1991
SARAIVA, Maria de Lourdes, prefácio e notas. Lírica Completa de Camões. 3 vol. Lisboa: INCM, 1980
SENA, Jorge de. Fernando Pessoa e cia. heterónima. Lisboa: Edições 70, 1982
SILVA, Alberto da Costa e & BUENO, Alexei. Antologia da Poesia Portuguesa Contemporânea. Lacerda, 1999
TAVANI, Giuseppe. Trovadores e jograis. Lisboa: Caminho, 2002

Bibliografia geral:
SARAIVA, António José & LOPES, Óscar. História da Literatura Portuguesa. 2006.
SARAIVA, António José. Iniciação à Literatura Portuguesa. São Paulo: Cia das Letras, 1999
COELHO, Jacinto do Prado Coelho, org. Dicionário da Literatura
PROENÇA FILHO, Domício. Estilos de Época na Literatura.
SÉRGIO, António. Breve Interpretação da História de Portugal.

Litport II - Ementa, Corpus, Avaliação

Ementa:
Estudo da narrativa portuguesa do Século XIX, em interlocução com textos de outras épocas.

Corpus:

Alexandre Herculano: A dama pé-de-cabra, O Castelo de Faria
Almeida Garrett: Viagens na minha terra
Camilo Castelo Branco: Amor de perdição
Eça de Queirós: Singularidades de uma Rapariga Loira, O primo Basílio; A cidade e as serras


Avaliação:
[2 provas escritas (peso 1) + seminário (peso 2) + prova final (peso 1)] / 5 = Média

Pasta: 65-II

Litport I - Ementa, Corpus, Avaliação

Ementa:
Linhas mestras da poesia portuguesa:
estudo de seus temas fundamentais através da leitura de poemas, do Séc. XII ao XX.

Corpus:
Apostila: “Antologia da Poesia Portuguesa” (Tomos I e II)


Avaliação:
[3 trabalhos (peso 1) + 1 prova final (peso 2)] / 5 = Média

Pasta: 65-I

domingo, 3 de agosto de 2008

Calendário para Litport II (2008/2)

Esta é uma hipótese de trabalho. Durante o curso, estas datas poderão ser ajustadas, conforme o andamento das reflexões. A 2ª avaliação escrita é passível de acordo. Os grupos de seminário devem estar definidos até o final de setembro.

Agosto
12 - Panorama do Romantismo (textos de Quesado e Sena)
14 - Panorama do Romantismo
19 - Apresentação de Herculano
21 - O Castelo de Faria
26 - A dama pé-de-cabra do Livro de Linhagens
28 - A dama pé-de-cabra de Herculano


Setembro
2 - A dama pé-de-cabra de Herculano
4 - Herculano, Fernão Lopes & Saramago
9 - Apresentação de Garrett
11 - Viagens na minha terra
16 - Viagens na minha terra
18 - Viagens na minha terra
23 - Viagens na minha terra
25 - Garrett e Lobo Antunes
30 - 1ª avaliação escrita


Outubro
2 - Apresentação de Camilo Castelo Branco
7 - Amor de Perdição
9 - Amor de Perdição
14 - Amor de Perdição
16 - Amor de Perdição via Mário Cláudio
21 - Camilo & Esteves Cardoso
23 - Apresentação da Geração 70
28 - Realismo e Modernidade em Eça de Queirós
30 - Singularidades de uma Rapariga Loira


Novembro
4 - Singularidades de uma Rapariga Loira
6 - Seminário 1 – O primo Basílio
11 - Seminário 2 – O primo Basílio
13 - Seminário 3 – A cidade e as serras
18 - Seminário 4 – A cidade e as serras
20 - 2ª Avaliação escrita
25 - Resultados
27 - Avaliação final

Calendário para Litport I (2008/2)

Esta é uma hipótese de trabalho. Durante o curso, estas datas poderão ser ajustadas, conforme o andamento das reflexões.

Agosto
12/ter - Cantigas de Amigo
14/qui - Cantigas de Amigo
19/ter - Cantigas de Amigo
12/qui - Cantigas de Amigo
26/ter - Cantigas de Amor
28/qui - Cantigas de Amor


Setembro
2/ter - Cantigas de Amor
4/qui - Cantigas de Escárnio e Maldizer
9/ter - Poesia Palaciana, com Entrega do 1º trabalho
11/qui - Sá de Miranda
16/ter - Camões
18/qui - Camões
23/ter - Camões
25/qui - Camões
30/ter - Camões


Outubro
2/qui - Camões
7/ter - Barroco Português, com Entrega do 2º trabalho
9/qui - Bocage
14/ter - Bocage
16/qui - Garrett
21/ter - Panorama finissecular e Cesário Verde
23/qui - Cesário Verde
28/ter - Cesário Verde
30/qui - Cesário Verde


Novembro
4/ter - Camilo Pessanha
6/qui - Camilo Pessanha
11/ter - Camilo Pessanha
13/qui - Geração de Orpheu
18/ter - Fernando Pessoa, com Entrega do 3º trabalho
20/qui - Fernando Pessoa
25/ter - Fernando Pessoa
27/qui - Fernando Pessoa


Dezembro
02/ter - Fernando Pessoa
04/qui - Prova final